Será que saltar é a única maneira de melhorar seus saltos?
Segundo o Professor João Paulo Coutinho, a pliometria é caracterizada pelo ciclo alongamento–encurtamento, quando um rápido alongamento da musculatura seguido de uma rápida ação concêntrica acontece. Durante o ciclo alongamento-encurtamento a energia–elástica é acumulada na musculatura durante a fase excêntrica para ser utilizada durante a fase concêntrica, potencializando assim atividades que envolvem saltos, sejam eles realizados repetidamente ou apenas com o objetivo de alcançar a maior altura possível.
A maioria das modalidades competitivas também envolvem um componente de potência ou velocidade. Esse componente pode ser usado ou para deslocar o indivíduo de forma rápida no espaço, ou para gerar um movimento rápido que resulte num deslocamento de um adversário ou de uma sobrecarga no espaço. Mostra-se ainda que a utilização do treinamento da pliometria ainda é uma das formas mais eficientes para se otimizar essa capacidade de gerar movimentos rápidos, portanto sua utilização será necessária quando a meta do atleta/cliente é aumentar seu desempenho atlético.
Seguindo as recomendações do técnico John Cissik, vimos a importância de se tomar medidas preventivas ao trabalharmos com essa técnica de treinamento. Algumas dessas medidas são: a importância de se aprender a aterrizar, sempre se mantendo uma simetria na fase excêntrica do movimento, onde já se provou que é o momento que as lesões mais ocorrem; uma progressão adequada; e o uso de uma superfície estável para se executar os movimentos também são recomendados para se manter altos níveis de segurança durante as execuções.
Porém a escola russa de treinamento esportivo, que sempre se utilizou da pliometria como ferramenta da melhora da performance, percebeu que se fosse possível gerar o mesmo tipo de estímulo dinâmico de um salto, porém sem a necessidade de uma aterrissagem, teriam os benefícios da técnica, sem terem os riscos associado à mesma, quando já atingimos um limite no volume que se recomenda para a utilização dos saltos numa sessão de treinamento. Ou seja, conseguiríamos executar os mesmos padrões fundamentais do movimentos utilizados durante os saltos, porém faríamos isso de forma mais controlada, sem que houvesse a retirada dos pés do chão, e gerando o movimento de extensão do quadril de forma explosiva. E os russos passaram a usar o movimento do swing feito com um ketttlebell para atingir tal estímulo.
Considerando que o swing (e a maioria dos movimentos balísticos do realizados com kettlebells) equivale a um salto na ação de extensão do quadril feita de maneira rápida e explosiva, seu uso otimiza a integração neuromuscular entre os músculos da cadeia posterior, melhorando a performance na resistência de saltos.
Em minhas discussões com técnicos esportivos, principalmente de modalidades que envolvem muita resistência de potência, como futebol (onde mesmo após 90 minutos de resitência anaeróbica lática e alática, o atleta ainda é exigido explosivamente numa situação de chute a gol), há uma euforia relacionada à treinar-se essa capacidade com o kettlebell. Os técnicos sugerem que essa utilização explosiva da extensão de quadril é muito similar ao chute, e quando feita repetidamente com sobrecarga pode preparar o atleta para situações encontradas frequentemente no campo de jogo, principalmente mais perto do término da partida, onde o controle neurológico já não é mais o mesmo do início do jogo.
Segundo o professor Stewart Mcgill, cujo conceito da super rigidez já citei num artigo anterior (Kettlebells e o conceito da super rigidez), a capacidade de se gerar essa alta intensidade muscular de forma explosiva e simultânea gera inúmeras vantagens ao praticante que conseguirá ser replicado positivamente ao se aplicar os movimentos especificos de cada modalidade. O uso da ação balística nos movimentos fundamentais faz com que todos os sistemas se tornem mais resistentes, por aprenderem a lidar com movimentos excêntricos de forma intensa e repetitiva, estimulando assim os grandes primários, os secundários estabilizadores, e o sistema cardiovascular pela alta frequência cardíaca durante longos períodos. A lapidação dos padrões fundamentais do movimento de forma explosiva e sem o impacto de uma aterrissagem pode ser explorado de forma ampla atraves da técnica de treinamento com kettlebells e suas vantagens passam a ser percebidas em muito pouco tempo após o início de sua utilização.
Ms. Thiago Passos, CSCS, RKC
Especialista em Treinamento Funcional